LESÕES DOS MENISCOS
Entenda rapidamente os tipos de lesões e os tratamentos disponíveis
As lesões nos meniscos causam dores e desconforto em graus variáveis, podendo limitar bastante as atividades físicas em atletas ou, até mesmo, nas atividades cotidianas em pessoas sedentárias aos mínimos esforços. Algumas podem ser tratadas de forma conservadora, mas outras requerem cirurgia.
Quais são as causas e os sintomas das lesões meniscais?
Um dos primeiros sintomas é uma dor repentina, do tipo fisgada, em determinado movimento. Com isso, há também o aumento de volume do joelho (conhecido como derrame articular) devido ao processo inflamatório, a diminuição da amplitude dos movimentos e a dificuldade para fazer movimentos de flexão, como agachar.
Atividades de alto impacto, com movimentos bruscos e mudanças súbitas de direção costumam ser as causas de lesões nos mais jovens. Já nos mais idosos, pode-se nem perceber o fator causal. Atividades físicas mal orientadas também podem favorecer o surgimento dessas lesões.
Quais são as características dos meniscos?
Meniscos são duas estruturas fibrosas interpostas entre o fêmur e a tíbia (menisco medial e lateral), cujas funções principais são o amortecimento de impactos, o auxílio na estabilidade articular e a lubrificação.
Os meniscos transmitem de 50% a 85% das cargas compressivas que atravessam articulação do joelho, de acordo com o grau de flexão. São estruturas bastante complexas, móveis e que criam uma congruência perfeita entre o fêmur e a tíbia, dissipando e absorvendo as forças que cruzam a articulação. Há ainda vários ligamentos conectados aos meniscos, estabilizando-os. Remover o menisco ou parte dele afeta significativamente essas funções.
A remoção de 30% do menisco (denominada meniscectomia parcial) pode aumentar as pessoas de contato em mais de 3 vezes (Noyes F & Westin B), facilitando a degeneração da cartilagem e osteoartrite, comumente chamada de artrose ou osteoartrose.
Os meniscos possuem irrigação sanguínea apenas nos 30% de sua periferia (chamada zona vermelha), de tal modo que lesões nos 2/3 internos do menisco (zonas vermelha-branca e branca-branca) têm menores chances de cicatrização.
Quais são os tipos de lesões nos meniscos? Quando e como tratar?
As lesões meniscais podem ser classificadas de várias formas, mas podemos considerar que há dois grandes grupos de lesões:
as lesões traumáticas, que ocorrem predominantemente nos mais jovens e com maior potencial de cicatrização;
as lesões degenerativas, em pacientes com mais idade e que raramente possuem indicação cirúrgica.
Quanto ao seu formato ou à sua geometria, as lesões são geralmente classificadas em radiais, longitudinais, horizontais e variantes do tipo “flap”.
As lesões radiais e longitudinais geralmente são traumáticas. Lesões radiais pequenas não requerem cirurgia normalmente, mas podem aumentar de tamanho e comprometer as fibras circunferenciais, com grave prejuízo à função meniscal.
As lesões longitudinais têm melhor potencial de cicatrização. Nesses casos, indicamos cirurgia para o reparo ou sutura.
Lesões horizontais, por sua vez, tendem a ser degenerativas, sendo mais frequentes em pacientes acima dos 40 anos, que estão começando a desenvolver osteoartrite. Aqui, evitamos o tratamento cirúrgico: remover parte do menisco pode ser extremamente danoso para a articulação, acelerando o processo degenerativo.
Um tipo específico de lesão degenerativa, mas que foge à regra habitual e tem benefício com o reparo cirúrgico é a lesão da raiz do menisco, um tipo de lesão radial que ocorre no ligamento raiz que fixa o menisco à tíbia, ou próximo a ele. Nesses casos, o reparo cirúrgico da raiz meniscal tem mostrado benefícios.
Ocorrem ainda com relativa frequência, lesões que desprendem fragmentos na articulação, podendo causar sintomas mecânicos, como bloqueios articulares nas chamadas lesões em alça de balde. Essas são lesões longitudinais extensas, onde o fragmento desloca-se da região posterior para a região anterior do joelho. Têm indicação cirúrgica, sendo fortemente recomendada a sutura. Fragmentos menores em áreas mal vascularizadas dos meniscos podem exigir remoção (meniscectomias parciais).
A definição do tipo de tratamento ocorrerá após a avaliação do paciente, com exame físico minucioso e avaliação por exames de imagem, onde tem papel destacado a ressonância magnética.
Vale ressaltar que quase a totalidade das cirurgias meniscais é realizada por artroscopia, uma cirurgia assistida por vídeo, minimamente invasiva e de caráter ambulatorial, com o paciente recebendo alta hospitalar no mesmo dia.
Nos casos de pequenas remoções de partes do menisco (meniscectomias parciais), o retorno ao esporte pode ocorrer rapidamente, em menos de 30 dias. Para os casos de sutura meniscal, observa-se maior período de reabilitação fisioterápica e afastamento das atividades esportivas, para que tenhamos tempo suficiente para cicatrização.
Uma outra exceção é quando as lesões meniscais ocorrem de forma associada às lesões ligamentares mais complexas. Os princípios de tratamento seguirão os mesmos, mas teremos mudanças significativas na duração do procedimento, na complexidade da cirurgia, na reabilitação fisioterápica e no tempo de retorno ao esporte.
Felizmente, há avanços recentes no campo da cirurgia meniscal, como substitutos sintéticos ou de colágeno, assim como transplantes meniscais, com altas taxas de sucesso e boa durabilidade.
DICA: Uma excelente revisão sobre os tipos de lesões meniscais, com enfoque no diagnóstico pela Ressonância Magnética, pode ser vista no vídeo abaixo do canal do Youtube de meu amigo radiologista Paulo Agnolitto.
Joelho, Trauma e Esporte










