Novas modalidades de fortalecimento muscular

Fortalecimento muscular e restrição de fluxo sanguíneo
É um fato bem conhecido que o aumento da força muscular e a hipertrofia são muito importantes não apenas no preparo físico do atleta, mas também na reabilitação pós-operatória em Ortopedia. O ganho de força e de massa muscular com exercícios resistivos, com pesos em academia por exemplo, já são fatos bem conhecidos. Entretanto, a sobrecarga de peso no período pós-operatório precoce pode colocar em risco algumas cirurgias. A novidade nesse assunto foi o surgimento de treinamentos com pesos menores, porém com restrição ao fluxo sanguíneo no membro que está sendo exercitado. Enquanto no treinamento tradicional são necessários exercícios com aproximadamente 80% da carga máxima tolerada pelo atleta ou paciente, em média com séries de oito repetições, no treinamento resistivo com restrição ao fluxo sanguíneo, os mesmos objetivos podem ser atingidos com apenas 20 a 40% da carga máxima, ou seja, de forma muito mais segura aos pacientes que realizaram cirurgias mais delicadas, como osteossínteses ou reconstruções ligamentares. Esse tipo de treinamento não é, infelizmente, isento de riscos ou preocupações. Uma delas é a possibilidade de trombose venosa profunda devido ao fluxo sanguíneo lentificado nos membros durante esse tipo de terapia ou treinamento. Isso é particularmente preocupante em pacientes que já possuem algum risco para essa condição, como presença de varizes, obesidade, algumas medicações (anticoncepcionais, por exemplo), tabagismo, fatores genéticos ou cirurgias recentes de grande porte, entre outros. Em atletas com boa saúde, parece não haver nenhum relato desse tipo de complicação. Há indícios de que essa modalidade de treinamento, também chamado de pré-condicionamento isquêmico, também melhora a recuperação muscular após as atividades esportivas. Pode ser também utilizado no ganho de capacidade aeróbica.
Como normalmente é feito o treinamento com restrição ao fluxo sanguíneo?
Há várias formas ou protocolos que podem ser realizados no esporte ou reabilitação. No centro cirúrgico, é comum realizarmos cirurgias com o uso do torniquete, em que o fluxo sanguíneo é totalmente interrompido por um período de até 2 horas, mas isso é diferente quando falamos de atividade física ou treinamento resistivo na reabilitação pós-operatória. Alguns estudos mantêm a oclusão de forma mais continua e outros permitem o fluxo sanguíneo entre as séries dos exercícios. As práticas mais comuns e mais seguras apontam para o uso intervalado do torniquete durante 5 a 10 minutos, raramente excedendo esse tempo, por questões até mesmo de desconforto do paciente o atleta. A pressão utilizada no torniquete geralmente situa-se em 40 a 80% da pressão de oclusão arterial, as séries são realizadas com 20 a 40% da capacidade de repetição máxima do membro normal ou não operado, e um mínimo de 2 a 3 séries de 45 a 70 repetições são realizadas. Uma alternativa é a realização de apenas uma ou duas séries de repetições até o completo esgotamento muscular. Um aspecto extremamente importante é que essa modalidade de treinamento seja realizada sob a supervisão de um médico, fisioterapeuta ou educador físico, considerando que há riscos envolvidos.
Conclusões
Sendo uma modalidade relativamente frequente de treinamento, os métodos tradicionais não devem ser abandonados, pois são bem estabelecidos, seguros e eficazes. As principais indicações do treinamento com pré-condicionamento isquêmico (ou restrição ao fluxo sanguíneo) continuam sendo situações em que a sobrecarga pode ser danosa ao paciente, como reabilitação pós-operatória ou osteoartrite.
Fonte bibliográfica
Lorenz D. Blood Flow Restriction: Cause for Optimism, But Let’s Not Abandon The
Fundamentals. IJSPT. 2021;16(3):962-967. doi:10.26603/001c.23725
Joelho, Trauma e Esporte










