Osteotomia do joelho sem medo

Uma cirurgia que percebo muita resistência por parte dos pacientes no tratamento da osteoartrite do joelho é a osteotomia. Os pacientes frequentemente chegam assustados, procurando uma segunda opinião, porque o médico ortopedista indicou fazer um corte no osso para realinhar a perna, fixando com placa e parafusos, o que parece ser extremamente agressivo para o leigo. O fato é que essa cirurgia é muito menos agressiva e com recuperação mais fácil do que a maioria das pessoas imagina. O paciente ideal para essa cirurgia é aquele que possui osteoartrite (desgaste) do joelho acometendo apenas um lado da articulação, com boa preservação da cartilagem e do menisco do lado contralateral, e que possui alterações anatômicas em ângulos específicos que são medidos em radiografias panorâmicas no estudo do alinhamento do membro inferior. A osteotomia não está indicada em pacientes com artrose muito avançada, idade avançada e pouco ativos, com osteoporose importante, doenças reumatológicas ou quando a mobilidade do joelho está muito reduzida. A osteotomia também pode estar indicada em pacientes com instabilidade articular, sequelas de traumas e outras situações em que o joelho tem mau alinhamento.
Alguns fatores positivos para serem lembrados na hora da decisão pela osteotomia:
1. Cirurgia preservadora do joelho.
2. Permite retorno atividades esportivas e de maior demanda, até mesmo corrida e esportes de impacto. Há inúmeros relatos de atletas que retomaram suas atividades após esta cirurgia.
3. Apenas um corte ósseo principal, ao passo que nas artroplastias do joelho, por exemplo, são necessários 5 cortes ósseos no fêmur e um corte ósseo na tíbia.
4. Menor sangramento e cirurgias mais rápidas que nas artroplastias do joelho.
5. Menor dor pós-operatória.
6. Permite descarga de peso no membro operado conforme tolerado, desde que usados implantes atuais, com boa estabilidade mecânica.
7. Não apenas postergam a necessidade da colocação de uma prótese futuramente, mas podem até mesmo evitar a segunda cirurgia.
8. Estudos de longo prazo mostra que mais da metade dos pacientes ainda não foram novamente operados após 15 anos da cirurgia. Em um estudo com pacientes japoneses, este número chegou a 90% (Hui, C et al. Am J Sports Med 2011).
9. Uma vez retirada a sobrecarga mecânica sobre a área afetada pela artrose, a cartilagem surpreendentemente se recupera.
Algumas considerações finais importantes:
A experiência do médico é imprescindível para adequada seleção do paciente e execução técnica da cirurgia.
A osteotomia do joelho é uma cirurgia totalmente dependente de um adequado planejamento pré-operatório, para definição da magnitude da correção e a programação do local da osteotomia (fêmur, tíbia, ou ambos os ossos).
Existem hoje softwares que permitem um minucioso e detalhado planejamento pré-operatório, permitindo até mesmo estabelecer o tamanho dos parafusos que serão utilizados na cirurgia, além, obviamente, da correção angular necessária.
A reabilitação fisioterápica pós-operatória tem importância fundamental. O paciente recebe alta no dia seguinte à cirurgia, não usa gesso e geralmente usa muletas por um período que varia de 6 a 12 semanas, dependendo do progresso da consolidação óssea. Um período menor é possível em casos selecionados, dependendo da correção, do método de fixação, da cooperação e do peso corporal do paciente.








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